Correr não aumenta sintomas ou progressão da artrose em pessoas

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa contribuem veementemente no combate da mortalidade, uma vez que os eventos cardiorrespiratórios são a maior causa-morte no mundo, em especial para a população de mais idade. A corrida, por ser uma atividade democrática, barata e de fácil acesso, tem crescido muito inclusive para essa população.

Por outro lado, ouvimos, inclusive de profissionais da área da saúde, que a corrida pode causar ou piorar o quadro de artrose (doença reumatoide com perda de cartilagem). Será??? Será que a artrose é um problema exclusivo e primário de desgaste da cartilagem? Ou deve ser pensada de maneira mais ampla, em relação aos fatores genéticos, fatores biológicos e sócio afetivos?

A dor no joelho do corredor, na maioria das vezes, não está relacionada com a perda de cartilagem. Muitos praticantes com alterações consideráveis nos exames de imagens e com reduções significativas do espaço articular, se mostram praticamente assintomáticos e outros, com um grau de artrose muito leve têm quadro álgico severo e limitações nas atividades de vida diária (AVD).

Apesar da cartilagem sofrer deformidades durante uma corrida e na fase de aterrissagem (leia o artigo anterior: Biomecânica aplicada a Corrida) o peso corporal do corredor duplicado (pico de impacto) e até triplicado (pico ativo), em circunstâncias normais ela se repara bem e, curiosamente corredores com artrose podem até retardar a progressão da doença (GRACE ET AL., 2018)

Segundo o médico americano, especialista em joelho, Dr. Howard, a dor é mediada por produtos químicos, proteínas e biomarcadores e a corrida consegue, inclusive, atenuar muitas destas proteínas dolorosas diminuindo sua concentração, bem como do biomarcador (COMP), que é considerado um indicador de relevada importância para a degeneração cartilaginosa.

Não estou aqui falando que um corredor com artrose deva vislumbrar um âmbito performático, com árduos treinamentos e volumes/intensidades exacerbados, ou que ele não possa relatar uma pequena dor. Mas que, provavelmente, não é a razão para parar, pois a corrida é uma ótima atividade no combate às doenças cardiometabólicas, psicossomáticas e também da artrose.

Como disse anteriormente, muito tem se dito sobre a corrida desencadear um processo de artrose ou agravar o quadro, principalmente no joelho do corredor, mas a verdade é que poucas pesquisas foram feitas em cima desta relação e há muito empirismo, clichê e achismos frente à essa temática. Diferente do robusto embasamento mostrando os benefícios da corrida frente à saúde física e mental dos praticantes.

Nesse sentido, abordo mais especificamente os dados do relevante estudo de Grace et al. (2018), que objetivou observar se a corrida é prejudicial a corredores com artrose de joelho.

A consistente pesquisa analisou e avalio, RX (inclusive medindo a evolução da redução ou não do espaço articular) e dor, durante 96 meses de acompanhamento em 1203 pessoas com mais de 50 anos, onde 138 (11,5%) eram corredores.

Ao contrário do que os autores esperavam, os resultados apontaram que uma corrida auto-selecianada está associada a melhora na dor do joelho e a não evolução das alterações estruturais definidas radiologicamente.

O estudo ainda indica que esta corrida “auto-selecionada” que sofre influência dos sintomas do joelho e pode reduzir o volume e intensidade da prática, deva ser encorajada em pessoas com quadro de artrose e prazer pela corrida.

Bons treinos!

Lo, G.H., Musa, S.M., Driban, J.B. et al. Running does not increase symptoms or structural progression in people with knee osteoarthritis: data from the osteoarthritis initiative. Clin Rheumatol 37, 2497–2504 (2018). https://doi.org/10.1007/s10067-018-4121-3


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